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14 de abril de 2011

O Evangelho de Tomé

                     

O Evangelho de Tomé é um dos mais de 50 textos da Biblioteca de Nag Hammadi, encontrada numa caverna no Egito em 1947. Este Evangelho, escrito em copta, a língua do Alto Egito no início de nossa era, é uma tradução de um original grego, provavelmente escrito em meados do primeiro século.

Portanto, ele é um dos documentos mais antigos de tradição cristã, já que os quatro evangelhos incluídos na Bíblia foram escritos provavelmente entre os anos 80 e 120 de nossa era.
O Evangelho de Tomé é uma coleção de ditados de Jesus, que guarda certas semelhanças com o assim chamado Evangelho “Q”, que os eruditos bíblicos acreditam teria sido a fonte de parte dos ditados incluídos em Mateus e Lucas.

Os estudiosos acreditam que as versões dos ditados de Jesus encontradas em Tomé seriam, em geral, versões mais originais do que a dos evangelhos canônicos, que teriam sofrido modificações e editorações ao longo dos séculos.
Sua autoria é atribuída a Tomé, que é chamado logo no início do texto de “irmão gêmeo” de Jesus. Este parentesco deve ser entendido no seu sentido esotérico. Tomé seria um discípulo que havia alcançado um estado de realização interior que o tornava um gêmeo espiritual do Salvador.

Esse “gême”, para os gnósticos modernos, refere-se a um desdobramento do Cristo Interno, o chamado Tomé Interior, uma virtude de nosso Ser Divino que representa a MENTE INTERIOR, aquela que “só acredita vendo”, ou seja, que só acredita plenamente, totalmente, nas palavras pronunciadas pelo Cristo. Essa Mente Interior, aspecto anímico de nossa mente que está conectada “para dentro”, em direção ao Sol Interior, “o que somente olha para o Sol”, quase à semelhança de Metraton, que está sempre virado para o mundo com o rosto voltado para o Absoluto…

O caráter esotérico do Evangelho é reiterado no primeiro versículo, em que é dito que quem descobrir o significado dos ensinamentos de Jesus ali contidos não provará a morte. Essa era a postura gnóstica daquele tempo e que continua válida em nossos dias.

Como os ensinamentos de Jesus eram velados em linguagem simbólica, para descobrir a sua interpretação o discípulo teria de alcançar um elevado estado de consciência, por meio do que a Gnose moderna chama de SENDA DA INICIAÇÃO, no qual recebia a Gnosis, ou seja, o conhecimento direto da Vverdade, uma verdadeira revelação espiritual, que conferia um estado de unidade com o Todo e a experiência da verdadeira natureza do Ser, que é origem última de nossa Alma.
Como a alma é imortal, quem se identifica com a alma não experimenta a morte, ainda que inevitavelmente seu corpo físico, a vestimenta de carne da alma, venha a perecer.

O estudo meditativo dos ensinamentos internos de Jesus contidos no Evangelho de Tomé, usando as quatro chaves conhecidas para a interpretação da simbologia esotérica, pode ser altamente revelador para todo “cristão desejoso de conhecer os ensinamentos esotéricos do Mestre”.


O Evangelho de Tomé

(126)(1)Estes são os ensinamentos (logia) ocultos expostos por Jesus, o vivo, que Judas Tomé, o gêmeo, escreveu.

(1) E ele disse: “Quem descobrir o significado interior destes ensinamentos não provará a morte.”

(2) Jesus disse: “Aquele que busca continue buscando até encontrar. Quando encontrar, ele se perturbará. Ao se perturbar, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo”.

(3) Jesus disse: “Se aqueles que vos guiam disserem, ‘Olhem, o reino está no céu’, então, os pássaros do céu vos precederão, se vos disserem que está no mar, então, os peixes vos precederão. Pois bem, o reino está dentro de vós, e também está em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, então, sereis conhecidos e compreendereis que sois filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis essa pobreza.”

(4) Jesus disse: “O homem idoso não hesitará em perguntar a uma criancinha de sete dias sobre o lugar da vida, e ele viverá. Pois muitos dos primeiros serão os últimos e se tornarão um só.”

(5) Jesus disse: “Reconheça o que está diante de teus olhos, e o que está oculto a ti será desvelado. Pois não há nada oculto que não venha ser manifestado.”

(6) Seus discípulos o interrogaram dizendo: “Queres que jejuemos? Como devemos orar? Devemos dar esmolas? Que dieta devemos observar?”

(127) Jesus disse: “Não mintais e não façais aquilo que detestais, pois todas as coisas são desveladas aos olhos do céu. Pois não há nada escondido que não se torne manifesto, e nada oculto que não seja desvelado.”

(7) Jesus disse: “Bem-aventurado o leão que se torna homem quando consumido pelo homem; maldito o homem que o leão consome, e o leão torna-se homem.”

(8) E ele disse: “O homem é como pescador sábio que lança sua rede ao mar e a retira cheia de peixinhos. O pescador sábio encontra entre eles um peixe grande e excelente. Joga todos os peixinhos de volta ao mar e escolhe o peixe grande sem dificuldade. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

(9) Jesus disse: “Eis que o semeador saiu, encheu sua mão e semeou. Algumas sementes caíram na estrada; os pássaros vieram e as recolheram. Algumas caíram sobre rochas, não criaram raízes no solo e não produziram espigas. Outras caíram em meio a um espinheiro, que sufocou as sementes e os vermes as comeram. E outras caíram em solo fértil e produziram bons frutos; renderam sessenta por uma e cento e vinte por uma.”

(10) Jesus disse: “Eu lancei fogo sobre o mundo, e eis que estou cuidando dele até que queime.”

(11) Jesus disse: “Este céu passará, e aquele acima dele passará. Os mortos não estão vivos e os vivos não morrerão. Nos dias em que consumistes o que estava morto, vós o tornastes vivo. Quando estiverdes morando na luz, o que fareis? No dia em que éreis um vos tornastes dois. Mas quando vos tornardes dois, o que fareis?”

(12) Os discípulos disseram a Jesus: “Sabemos que tu nos deixarás. Quem será nosso líder?”

Jesus disse-lhes: “Não importa onde estiverdes, devereis dirigir-vos a Tiago, o justo, para quem o céu e a terra foram feitos.”

(13) Jesus disse a seus discípulos: “Comparai-me com alguém e dizei-me com quem me assemelho.”

Simão Pedro disse-lhe: “Tu és semelhante a um anjo justo.”

Mateus lhe disse: “Tu te assemelhas a um filósofo sábio.”

Tomé lhe disse: “Mestre, minha boca é inteiramente incapaz de dizer com quem te assemelhas.”

Jesus disse: “Não sou teu Mestre. Porque bebeste na fonte borbulhante que fiz brotar, tornaste-te ébrio. (128) E, pegando-o, retirou-se e disse-lhe três coisas. Quando Tomé retornou a seus companheiros, eles lhe perguntaram: “O que te disse Jesus?”

Tomé respondeu: “Se eu vos disser uma só das coisas que ele me disse, apanhareis pedras e as atirareis em mim, e um fogo brotará das pedras e vos queimará.”

(14) Jesus disse-lhes: “Se jejuardes, gerareis pecado para vós; se orardes, sereis condenados; se derdes esmolas, fareis mal a vossos espíritos. Quando entrardes em qualquer país e caminhardes por qualquer lugar, se fordes recebidos, comei o que vos for oferecido e curai os enfermos entre eles. Pois o que entrar em vossa boca não vos maculará, mas o que sair de vossa boca – é isso que vos maculará.”

(15) Jesus disse: “Quando virdes aquele que não foi nascido de uma mulher, prostrai-vos com a face no chão e adorai-o: é ele o vosso Pai.”

(16) Jesus disse: “Talvez os homens pensem que vim lançar a paz sobre o mundo. Não sabem que é a discórdia que vim espalhar sobre a Terra: fogo, espada e disputa. Com efeito, havendo cinco numa casa, três estarão contra dois e dois contra três: o pai contra o filho e o filho contra o pai. E eles permanecerão solitários.”

(17) Jesus disse: “Eu vos darei o que os olhos não viram, o que os ouvidos não ouviram, o que as mão não tocaram e o que nunca ocorreu à mente do homem.”

(18) Os discípulos disseram a Jesus: “Dize-nos como será o nosso fim.”

Jesus disse: “Haveis, então, discernido o princípio, para que estejais procurando o fim? Pois onde estiver o princípio ali estará o fim. Feliz daquele que tomar seu lugar no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte.”

(19) Jesus disse: “Feliz o que já era antes de surgir. Se vos tornardes meus discípulos e ouvirdes minhas palavras, estas pedras estarão a vosso serviço. Com efeito, há cinco árvores para vós no Paraíso que permanecem inalteradas inverno e verão, e cujas folhas não caem. Aquele que as conhecer não provará a morte.”

(20) Os discípulos disseram a Jesus: “Dize-nos a que se assemelha o reino do céu.”

Ele lhes disse: “Ele se assemelha a uma semente de mostarda, a menor de todas as sementes. Mas, quando cai em terra cultivada, produz uma grande planta e torna-se um refúgio para as aves do céu.”

(129) (21) Maria disse a Jesus: “A quem se assemelham teus discípulos?”

Ele disse: “Eles se parecem com crianças que se instalaram num campo que não lhes pertence. Quando os donos do campo vierem, dirão: ‘Entregai nosso campo.’ Elas se despirão diante deles para que eles possam receber o campo de volta e para entregá-lo a eles. Por isso digo: se o dono da casa souber que virá um ladrão, velará antes que ele chegue e não deixará que ele penetre na casa de seu domínio para levar seus bens. Vós, portanto, permanecei atentos contra o mundo. Armai-vos com todo poder para que os ladrões não consigam encontrar um caminho para chegar a vós, pois a dificuldade que temeis certamente ocorrerá. Que possa haver entre vós um homem prudente. Quando a safra estiver madura, ele virá rapidamente com sua foice em mãos para colhe-la. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

(22) Jesus viu crianças sendo amamentadas. Ele disse a seus discípulos: “Esses pequeninos que mamam são como aqueles que entram no Reino.” Eles lhe disseram: Nós também, como crianças, entraremos no Reino?” Jesus lhes disse: “Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).

(23) Jesus disse: Escolherei dentre vós, um entre mil e dois entre dez mil, e eles permanecerão como um só.”

(24) Seus discípulos disseram-lhe: “Mostra-nos o lugar onde estás, pois precisamos procurá-lo.”

Ele disse-lhes: “Aquele que tem ouvidos, ouça! Há luz no interior do homem de luz e ele ilumina o mundo inteiro. Se ele não brilha, ele é escuridão.”

(25) Jesus disse: “Ama teu irmão como à tua alma, protege-o como a pupila de teus olhos.”

(26) Jesus disse: “Tu vês o cisco no olho de teu irmão, mas não vês a trave em teu próprio olho. Quando retirares a trave de teu olho, então verás claramente e poderás retirar o cisco do olho de teu irmão.”

(27) (Jesus disse:) “Se não jejuardes com relação ao mundo, não encontrareis o Reino. Se não observardes o sábado como um sábado, não vereis o Pai.”

(130) (28) Jesus disse: “Assumi meu lugar no mundo e revelei-me a eles na carne. Encontrei todos embriagados. Não encontrei nenhum sedento, e minha alma ficou aflita pelos filhos dos homens, porque estão cegos em seus corações e não têm visão. Pois vazios vieram ao mundo e vazios procuram deixar o mundo. Mas no momento eles estão embriagados. Quando superarem a embriaguez, então mudarão sua maneira de pensar.”

(29) Jesus disse: “Seria uma maravilha se a carne tivesse surgido por causa do espírito. Mas seria a maior das maravilhas se o espírito tivesse surgido por causa do corpo. Estou realmente surpreso pela forma como essa grande riqueza fez morada nessa pobreza.”

(30) Jesus disse: “Onde há três deuses, eles são deuses. Onde há dois ou um, estou com ele.”

(31) Jesus disse: “Nenhum profeta é aceito em sua cidade; nenhum médico cura aqueles que o conhecem”.

(32) Jesus disse: “Uma cidade construída e fortificada sobre uma montanha elevada não pode cair nem pode ser escondida”.

(33) Jesus disse: “Proclamai sobre os telhados aquilo que ouvirdes com vosso próprio ouvido. Pois ninguém acende uma lâmpada e coloca-a debaixo de um cesto, tampouco coloca-a num lugar escondido, mas num candelabro, para que todos que venham a entrar e sair vejam sua luz.”

(34) Jesus disse: “Se um cego guia outro cego, ambos cairão numa vala.”

(35) Jesus disse: “Não é possível que alguém entre na casa de um homem forte e tome-a à força, a menos que lhe ate as mãos; então será capaz de saquear sua casa.”

(36) Jesus disse: “Não vos preocupeis de manhã até a noite e de noite até a manhã com o que vestireis”.

(37) Seus discípulos disseram: “Quando tu te revelarás a nós e quando te veremos?”

Jesus disse: “Quando vos despirdes sem vos envergonhardes e tomardes vossas vestes e, colocando-as sobre vossos pés, pisardes sobre elas como criancinhas, então (vereis) o filho daquele que vive e não tereis medo.”

(38) Jesus disse: “Muitas vezes haveis desejado ouvir essas palavras que vos digo, e não tendes outro de quem ouvi-las. Pois virão dias em que me procurareis e não me encontrareis.”

(39) Jesus disse: “Os fariseus e os escribas tomaram as chaves da gnosis. (131) Eles não entraram nem deixaram entrar aqueles que queriam entrar. Vós, no entanto, sede sábios como as serpentes e mansos como as pombas.”

(40) Jesus disse: “Uma parreira foi plantada fora do Pai, porém, não sendo saudável, ela será arrancada pela raiz e destruída.”

(41) Jesus disse: “Quem tiver algo em sua mão receberá mais, e quem não tiver nada perderá até mesmo o pouco que tem.”

(42) Jesus disse: “Tornai-vos passantes.”

(43) Seus discípulos disseram-lhe: “Quem és tu para dizer-nos tais coisas?”

[Jesus disse-lhes:] “Não percebeis quem sou eu pelo que vos digo, mas vos tornastes como os judeus! Com efeito, eles amam a árvore e odeiam seus frutos ou amam os frutos, mas odeiam a árvore.”

(44) Jesus disse: “Quem blasfemar contra o Pai será perdoado e quem blasfemar contra o Filho será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado nem na terra nem no céu.”

(45) Jesus disse: “Não se colhe uvas dos espinheiros nem figos dos cardos, pois eles não dão frutos. O homem bom retira o bem do seu tesouro; o malvado retira o mal de seu tesouro malévolo, que está em seu coração, e diz maldade. Pois da abundância do coração ele retira coisas más.”

(46) Jesus disse: “Dentre os que nasceram da mulher, desde Adão até João, o Batista, não há ninguém superior a João, para que não abaixe os olhos [diante dele]. Mas eu digo, aquele dentre vós que se tornar uma criança conhecerá o Reino e se tornará superior a João.”

(47) Jesus disse: “É impossível para um homem montar dois cavalos ou retesar dois arcos. E é impossível que um servo sirva a dois senhores, pois ele honra um e ofende o outro. Ninguém bebe vinho velho e logo em seguida deseja beber vinho novo. E não se coloca vinho novo em odres velhos, para que não arrebentem; nem se coloca vinho velho em odres novos, para que não o estraguem. E não se cose pano velho em veste nova, porque ela está arriscada a rasgar.”

(48) Jesus disse: “Se os dois fizerem as pazes nesta casa, eles dirão a montanha: ‘Move-te!’ e ela se moverá.”

(132) (49) Jesus disse: “Bem aventurados os solitários e os eleitos, pois encontrareis o Reino. Pois, viestes dele e para ele retornareis.”

(50) Jesus disse: “Se vos perguntarem: ‘De onde vindes?’ respondei: ‘Viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma, estabeleceu-se e tornou-se manifesta por meio de suas imagens’. Se vos perguntarem: ‘Vós sois isto?’ digam: ‘Nós somos seus filhos e somos os eleitos do Pai vivo’. Se vos perguntarem: ‘Qual é o sinal de vosso Pai em vós?’, digam a eles: ‘É movimento e repouso’”.

(51) Seus discípulos disseram-lhe: “Quando ocorrerá o repouso dos mortos e quando virá o novo mundo?”

Ele disse-lhes: “Aquilo que esperais já chegou, mas não o reconheceis.”

(52) Seus discípulos disseram-lhe: “Vinte e quatro profetas falaram em Israel e todos falaram de ti.”

Ele disse-lhes: “Omitistes aquele que vive em vossa presença e falastes dos mortos.”

(53) Seus discípulos disseram-lhe: “A circuncisão é benéfica ou não?”

Ele disse-lhes: “Se ela fosse benéfica, os pais gerariam filhos já circuncisos de sua mãe. Mas a verdadeira circuncisão, a espiritual, tornou-se inteiramente proveitosa.”

(54) Jesus disse: “Bem-aventurados os pobres, pois vosso é o Reino do céu.”

(55) Jesus disse: “Aquele que não odiar (2) seu pai e sua mãe não poderá se tornar meu discípulo. E quem não odiar seus irmãos e irmãs e tomar sua cruz, como eu, não será digno de mim.”

(56) Jesus disse: “Aquele que conseguiu compreender o mundo encontrou (somente) um cadáver, e quem encontrou um cadáver é superior ao mundo.”

(57) Jesus disse: “O Reino do Pai é semelhante ao homem que tem [boa] semente. Seu inimigo veio durante a noite e semeou joio por cima da boa semente. O homem não deixou que arrancassem o joio, dizendo: ‘temo que acabeis arrancando o joio e também o trigo junto com ele. No dia da colheita as ervas daninhas estarão bem visíveis e serão, então, arrancadas e queimadas”.

(58) Jesus disse: “Bem-aventurado o homem que sofreu e encontrou a vida”.

(59) Jesus disse: “Prestai atenção àquele que vive enquanto estais vivos, para que, ao morrerdes, não fiqueis procurando vê-lo sem conseguir”.

(133) (60) [Eles viram] um samaritano carregando um cordeiro a caminho da Judéia. Ele disse a seus discípulos: “Por que o homem está carregando o cordeiro?”

Eles disseram-lhe: “Para matá-lo e comê-lo”.

Ele disse-lhes: “Enquanto o cordeiro estiver vivo, ele não o comerá, mas somente depois que o tiver matado e que o cordeiro se tornar um cadáver”.

Eles disseram-lhe: “Ele não poderia fazer de outro modo”.

Ele disse-lhes: “Vós, também, buscai um lugar para vós no repouso, a fim de que não vos torneis um cadáver e sejais devorados”.

(61) Jesus disse: “Dois repousarão sobre um leito: um morrerá, o outro viver.”.

Salomé disse: “Quem és tu homem, que … te acomodaste em meu divã e comeste à minha mesa?”

Jesus disse-lhe: “Eu sou aquele que existe a partir do indivisível. Recebi algumas das coisas de meu pai”.

[ ... ] “Eu sou seu discípulo”.

[ ... ] “Por isso digo que, se for destruído, ele estará pleno de luz, mas, se ele estiver dividido, estará pleno de trevas”.

(62) Jesus disse: “Eu digo meus mistérios aos [que são dignos de meus] mistérios. Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita”.

(63) Jesus disse: “Havia um rico que tinha muito dinheiro. Ele disse: ‘Empregarei meu dinheiro para semear, colher, plantar e encher meu celeiro com o fruto da colheita, para que não me venha a faltar nada’. Essas eram suas intenções, mas naquela mesma noite ele morreu. Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça”.

(64) Jesus disse: “Um homem tinha convidados. E quando a ceia estava pronta, mandou seu servo chamar os convidados. O servo foi ao primeiro e disse-lhe: ‘Meu mestre te convida’. O outro respondeu: ‘Tenho dinheiro aplicado com alguns comerciantes. Eles virão me procurar esta noite para que eu lhes dê minhas instruções. Apresento minhas desculpas por não ir à ceia. O servo foi até outro e disse: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma casa e precisam de mim hoje. Não terei tempo’. O servo foi a outro e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Um amigo vai se casar e coube-me preparar o banquete. Não poderei ir à ceia, peço ser desculpado. O servo foi a outro ainda e disse-lhe: ‘Meu senhor está te convidando’. Este disse-lhe: ‘Acabo de comprar uma fazenda e estou saindo para buscar o rendimento. Não poderei ir, por isso me desculpo’. O servo retornou e disse a seu senhor: ‘Os que convidaste para a ceia mandam pedir desculpas’. (134) O senhor disse ao servo: ‘Vai lá fora pelos caminhos e traze os que encontrares para que possam ceiar. Os homens de negócios e mercadores não entrarão no recinto de meu Pai’”.

(65) Ele disse: “Um homem de bem tinha uma vinha. Ele a alugou a camponeses para que cuidassem dela e pagassem-lhe com uma parte da produção. Ele enviou seu servo para que os arrendatários entregassem-lhe o fruto da vinha. Eles pegaram seu servo e o espancaram, deixando-o à beira da morte. O servo voltou e contou a seu senhor o ocorrido. O senhor disse: ‘Talvez não o tenham reconhecido’. Ele enviou outro servo. Os camponeses também o espancaram. Então o proprietário enviou seu filho e disse: ‘Talvez eles tenham respeito por meu filho’. Como os camponeses sabiam que aquele era o herdeiro da vinha, pegaram-no e mataram-no. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

(66) Jesus disse: “Mostrai-me a pedra que os construtores rejeitaram; ela é a pedra angular.”

(67) Jesus disse: “Se alguém que conhece o todo ainda sente uma deficiência pessoal, ele é completamente deficiente”.

(68) Jesus disse: “Bem-aventurados os que são odiados e perseguidos. Mas os que vos perseguirem não encontrarão lugar”.

(69) Jesus disse: “Bem-aventurados aqueles que foram perseguidos em seu interior. São eles que realmente conheceram o pai. Bem-aventurados os famintos, porque se encherá o ventre de quem tem desejo”.

(70) Jesus disse: “Aquilo que tendes vos salvará se o manifestardes. Aquilo que não tendes em vosso interior vos matará se não o tiverdes dentro de vós”.

(71) Jesus disse: “Destruirei esta casa e ninguém será capaz de reconstruí-la [...]”

(72) [Um homem disse-lhe]: “Dize a meus irmãos para que partilhem os bens de meu pai comigo”.

Ele lhe disse: “Ó, homem, quem me institui partilhador?”

Voltando-se para seus discípulos, disse-lhes: “Eu não sou um partilhador, sou?”

(73) Jesus disse: “A colheita é grande mas os operários são poucos. Portanto, implorai ao senhor para que envie operários para a colheita”.

(74) Ele disse: “Ó senhor, há muitas pessoas ao redor do bebedouro, mas não há nada na cisterna.”

(75) Jesus disse: “Muitos estão aguardando à porta, mas são os solitários que entrarão na câmara nupcial”.

(135) (76) O Reino do pai é semelhante ao comerciante que tinha uma consignação de mercadorias e nelas descobriu uma pérola. Esse comerciante era astuto. Ele vendeu as mercadorias e adquiriu a pérola maravilhosa para si. Vós também deveis buscar esse tesouro indestrutível e duradouro, que nenhuma traça pode devorar nem o verme destruir”.

(77) Jesus disse: “Eu sou a luz que está sobre todos eles. Eu sou o todo. De mim surgiu o todo e de mim o todo se estendeu. Rachai um pedaço de madeira, e eu estou lá. Levantai a pedra e me encontrareis lá”.

(78) Jesus disse: “Por que viestes ao deserto? Para ver um caniço agitado pelo vento? E para ver um homem vestido com roupas finas como vosso rei e vossos homens importantes? Esses usam roupas finas, mas são incapazes de discernir a verdade.”

(79) Uma mulher na multidão disse-lhe: “Bem-aventurado o ventre que te portou e os seios que te nutrira.”.

Ele disse-lhe: “Bem-aventurados os que ouviram a palavra do Pai e que realmente a guardaram. Pois virão dias em que direis: “Bem-aventurado o ventre que não concebeu, e os seios que não amamentaram”.

(80) Jesus disse: “Aquele que reconheceu o mundo encontrou o corpo, mas aquele que encontrou o corpo é superior ao mundo”.

(81) Quem enriqueceu, torne-se rei, mas quem tem poder que possa renunciar a ele.”

(82) Jesus disse: “Aquele que está perto de mim está perto do fogo, e aquele que está longe de mim está longe do Reino”.

(83) Jesus disse: “As imagens manifestam-se ao homem, mas a luz que está nelas permanece oculta na imagem da luz do Pai. Ele tornar-se-á manifesto, mas sua imagem permanecerá velada por sua luz”.

(84) Jesus disse: “Quando vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens que surgiram antes de vós, e que não morrem nem se manifestam, quanto tereis de suportar!”

(85) Jesus disse: “Adão surgiu de um grande poder e de uma grande riqueza, mas ele não se tornou digno de vós. Pois, se tivesse sido digno, não teria experimentado a morte”.

(86) Jesus disse: “[As raposas têm suas tocas] e as aves têm seus ninhos, mas o filho do homem não tem nenhum lugar para pousar sua cabeça e descansar.”

(87) Jesus disse: “Miserável do corpo que depende de um corpo e da alma que depende desses dois”.

(88) Jesus disse: “Os anjos e os profetas virão a vós e darão aquelas coisas que já tendes. E dai vós também a eles as coisas que tendes e dizei a vós mesmos: ‘Quando virão tomar o que é deles?’”

(89) Jesus disse: “Por que lavais o exterior da taça? Não compreendeis que aquele que fez o interior é o mesmo que fez o exterior?”

(90) Jesus disse: “Vinde a mim, pois meu jugo é fácil e meu domínio é suave, e encontrareis repouso para vós”.

(91) Eles disseram-lhe: “Dize-nos quem tu és, para que possamos crer em ti.”

Ele disse-lhes: “Vós decifrastes a face to céu e da terra, mas não reconhecestes aquele que está diante de vós e não soubestes perceber este momento”.

(92) Jesus disse: “Buscai e encontrareis. No entanto, aquilo que me perguntastes anteriormente e que não vos respondi então, agora desejo vos dizer mas vós não me perguntais sobre aquilo”.

(93) [Jesus disse]: “Não deis aos cães o que é sagrado, para que eles não o joguem no lixo. Não atireis pérolas aos porcos, para que eles …”

(94) Jesus [disse]: “Quem busca, encontrará, e [quem bate] terá permissão para entrar”.

(95) [Jesus disse]: “Se tendes dinheiro, não o empresteis a juro, mas dai-o àquele de quem não o recebereis de volta”.

(96) Jesus disse: “O Reino do Pai é como [uma certa] mulher. Ela tomou um pouco de fermento, [escondeu-o] na massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”

(97) Jesus disse: “O Reino do Pai é como uma certa mulher que estava carregando um cântaro cheio de farinha. Enquanto estava caminhando pela estrada, ainda distante de casa, a alça do cântaro partiu-se e a farinha foi caindo pelo caminho atrás dela. Ela não se deu conta, pois não tinha percebido o acidente. Quando chegou em casa, colocou o cântaro no chão e percebeu que ele estava vazio”.

(98) Jesus disse: “O Reino do Pai é como um certo homem que queria matar um homem poderoso. Em sua própria casa ele desembainhou a espada e enfiou-a na parede para saber se sua mão poderia realizar a tarefa. Então ele matou o homem poderoso”.

(99) Os discípulos disseram-lhe: “Teus irmãos e tua mãe estão aguardando lá fora.”

Ele disse-lhes: “Estes que estão aqui que fazem a vontade de meu Pai são meus irmãos e minha mãe. São eles que entrarão no Reino de meu Pai”.

(100) Eles mostraram uma moeda de ouro a Jesus e disseram-lhe: “Os homens de César exigem-nos tributos”.

Ele disse-lhes: “Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus, e dai a mim o que é meu”.

(101) [Jesus disse]: “Quem não odeia (3) seu [pai] e sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. E quem não ama seu [pai e] sua mãe como eu não pode se tornar meu [discípulo]. Porque minha mãe [ ... ], mas [minha] verdadeira [mãe] deu-me a vida”.

(102) Jesus disse: “Ai dos fariseus, porque eles são como um cachorro dormindo na manjedoura dos bois, pois eles não comem nem permitem que os bois comam.”

(103) Jesus disse: “Feliz do homem que sabe por onde os ladrões vão entrar, porque dessa forma [ele] pode se levantar, passar em revista seu domínio e armar-se antes deles invadirem”.

(104) Eles disseram a Jesus: “Vem, oremos e jejuemos hoje”.

Jesus disse: “Qual foi o pecado que cometi ou em que fui vencido? Porém, quando o noivo deixar a câmara nupcial, então que eles jejuem e orem”.

(105) Jesus disse: “Quem conhece o pai e a mãe será chamado filho de prostituta.”

(106) Jesus disse: “Quando fizerdes de dois, um, vos tornareis filhos do homem, e quando disserdes: ‘Montanha, move-te!’, ela se moverá”.

(107) Jesus disse: “O Reino é como um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas, a maior de todas, extraviou-se. Ele deixou as noventa e nove e foi procurá-la, até encontrá-la. Depois de ter passado por todo esse incômodo, ele disse à ovelha: ‘Eu me interesso por ti mais do que pelas noventa e nove’”.

(108) Jesus disse: “Quem beber de minha boca tornar-se-á como eu. Eu mesmo me tornarei ele, e as coisas que estão ocultas ser-lhe-ão reveladas”.

(109) Jesus disse: “O Reino é como o homem que tinha um tesouro [escondido] em seu campo sem saber. Após sua morte, deixou o campo para seu [filho]. O filho não sabia [a respeito do tesouro]. Ele herdou o campo e o vendeu. O comprador ao arar o campo encontrou o tesouro. Começou então a emprestar dinheiro a juros a quem queria”.

(110) Jesus disse: “Quem encontrou o mundo e tornou-se rico, que renuncie ao mundo”.

(111) Jesus disse: “Os céus e a terra se dobrarão diante de vós. E aquele que vive do Vivo não conhecerá a morte. Jesus não disse: ‘Quem se encontra é superior ao mundo?’”

(112) Jesus disse: “Ai da carne que depende da alma; ai da alma que depende da carne”.

(113) Seus discípulos disseram-lhe: “Quando virá o Reino?”

[Jesus disse]: “Ele não virá porque é esperado. Não é uma questão de dizer: ‘eis que ele está aqui’ ou ‘eis que está ali’. Na verdade, o Reino do Pai está espalhado pela terra e os homens não o vêem.”

(114) Simão Pedro disse-lhes: “Que Maria saia de nosso meio, pois as mulheres não são dignas da vida”.

Jesus disse: “Eu mesmo vou guiá-la para torná-la macho, para que ela também possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vós, machos.


Porque toda mulher que se tornar macho entrará no Reino do Céu”.


             http://www.gnosisonline.org/teologia-gnostica/o-evangelho-de-tome/

Cientistas a ponto de dominar a quarta dimensão

                

Físicos da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, deram um grande passo para derrubar o muro que separa o microcosmo da mecânica quântica do mundo macro da vida cotidiana e da tecnologia. Conseguiram unir os destinos – ainda que por uma fração de segundo – de trilhões de átomos separados no espaço.

A recompensa para a ciência, caso consiga dar muitos outros passos nessa direção, virá na forma de computadores muito superiores aos atuais. E, quem sabe, na forma do teletransporte, um velho sonho da ficção científica.

Brian Julsgaard e dois colegas de Aarhus foram capazes de induzir uma estranha propriedade em duas amostras compostas por cerca de 1 trilhão de átomos de césio cada -o fenômeno conhecido como entrelaçamento. Embora já tenha sido obtido com poucas partículas, é a primeira vez que um objeto macroscópico é levado a esse estado.

O trabalho está publicado na revista britânica “Nature” (http://www.nature.com/).


O fantasma de Einstein

Em 1935, Albert Einstein, Boris Podolsky e Nathan Rosen haviam publicado um trabalho com a intenção de desmascarar a teoria da mecânica quântica, que consideravam maluca demais para ser levada a sério.

Partindo de preceitos teóricos, mostraram que seria possível duas partículas se “entrelaçarem”, de modo que a determinação de certa característica em uma delas imediatamente seria transposta para a outra, não importando a distância entre elas.

Mas o próprio Einstein definiu o entrelaçamento como uma “fantasmagórica ação a distância”. Acontece que os partidários da mecânica quântica estavam corretos, e o fenômeno de partículas entrelaçadas realmente existe.

Em 1997, cientistas da Universidade de Innsbruck, na Áustria, levaram o entrelaçamento às manchetes ao anunciar que haviam usado a técnica para teletransportar um fóton (partícula de luz) instantaneamente de um ponto a outro de uma sala. O experimento envolvia apenas três partículas.

Agora, o número de elementos envolvidos na manipulação quântica sobe para a casa dos trilhões com o feito de Julsgaard. Ele disparou um laser (feixe organizado de fótons) sobre duas amostras de césio, fazendo com que elas ficassem entrelaçadas.

O entrelaçamento valeu para todas as partículas da amostra, mas durou apenas meio milissegundo (metade de um milésimo de segundo). Conforme os átomos das amostras interagiam com outros elementos, como por exemplo os recipientes que os guardavam, iam perdendo o caráter entrelaçado, até ele se desfazer totalmente.

Além de ser o primeiro experimento a envolver um conjunto grande de partículas entrelaçadas, ele tem outro diferencial: a criação do entrelaçamento foi obtida sem que as amostras precisassem interagir uma com a outra, sendo o fenômeno induzido apenas pelo disparo do laser.

“Essa característica significa que o entrelaçamento pode ser obtido a distâncias consideráveis, o que é obviamente importante para a comunicação quântica”, disse à Folha Eugene Polzik, um dos colegas de Julsgaard envolvidos no experimento.

Comunicação quântica é a idéia de usar o entrelaçamento para transmitir informações. Suponha que Alice e Bob queiram trocar mensagens usando a “fantasmagórica ação a distância” (Alice e Bob são os nomes preferidos dos físicos para dar exemplos). Cada um deles ganha uma partícula entrelaçada. Se Alice altera o estado da sua partícula, a outra é automaticamente modificada, e Bob imediatamente fica sabendo. Se mensagens forem codificadas em estados quânticos de partículas, é possível trocar informações.


Xerox atômico

Da mesma maneira funcionariam outras, e mais audaciosas, idéias, como o teletransporte _algo semelhante a um xerox atômico a distância.

Para transportar uma pessoa, por exemplo, seria preciso colocar no local de destino um conjunto de átomos representativo da composição do indivíduo e entrelaçá-lo com as partículas da própria pessoa.

“Teríamos a mesma quantidade dos mesmos tipos de átomo em cada um dos locais e transferiríamos o estado quântico dos átomos do local um para o local dois. Como átomos no mesmo estado quântico são indistinguíveis, é como se os tivéssemos transportado do ponto um ao dois”, diz Polzik.

Embora o entrelaçamento de trilhões de átomos já seja bastante significativo, ainda está longe o momento em que alguém sairá por aí dizendo “Beam me up, Scotty”, como o capitão Kirk fazia no seriado “Jornada nas Estrelas” para ser levado de volta à nave.

“O teleporte de qualquer objeto quântico complexo, mesmo de uma bactéria, iria exigir transferir o estado descrito por zilhões de parâmetros, como posição e momento de todos os elétrons etc. Isso é uma enorme quantidade de informação e será muito difícil de fazer. Por ora estamos pensando em teleportar apenas um parâmetro de uma amostra atômica, e isso já é suficientemente difícil.”

A equipe agora trabalha para melhorar ainda mais o grau de entrelaçamento de suas amostras e tentar o teletransporte atômico.
           
       http://www.gnosisonline.org/ciencia-gnostica/cientistas-a-ponto-de-dominar-a-quarta-dimensao/



O Cristo e a Semana Santa


Antes de tudo, é necessário compreender a fundo o que é realmente o Cristo Cósmico.

Urge saber em nome da verdade que Cristo não é algo meramente histórico. As pessoas estão acostumadas a pensar em Cristo como um personagem histórico que existiu há uns 2 mil anos. Tal conceito resulta equivocado porque o Cristo não é do tempo. O Cristo é atemporal. O Cristo desenvolve-se de instante em instante, de momento em momento. Ele em si mesmo é o Fogo Sagrado, o Fogo Cósmico Universal.

Se nós esfregamos a cabeça de um palito de fósforo, brota o fogo. Os cientistas dirão que o fogo é o resultado da combustão, porém isso é falso. O fogo que surge de dentro do palito de fósforo está contido no próprio palito, apenas que com a fricção o libertamos de sua prisão e ele aparece. Podemos dizer que o fogo em si mesmo não é o resultado da combustão e sim que a combustão é o resultado do fogo.

Convém entender, meus caros irmãos, que a nós o que mais interessa é o fogo do fogo, a chama da chama, a assinatura astral do fogo. A mão que movimenta o palito de fósforo para que dele surja a chama tem fogo, vida, senão não poderia se movimentar. Depois que o fósforo se apaga, a chama segue existindo na quarta vertical. Os cientistas não sabem que coisa é o fogo, utilizam-no porém o desconhecem.

Tampouco sabem o que é a eletricidade, utilizam-na porém não a conhecem. Assim mesmo, meus queridos irmãos, convém que entendam o que é o fogo. Antes de que a Aurora da Criação vibrasse intensamente, o fogo fez a sua aparição.

Lembrem-se, queridos irmãos, que há dois unos, o primeiro uno é Aelohim, enquanto que Elohim é o segundo uno. O primeiro uno é o Imanifestado, o Incognoscível, a divindade que não pode ser pintada, simbolizada ou burilada. O segundo uno brota do primeiro uno e é o Demiurgo, o Arquiteto do Universo, o Fogo.

Quero que entendam que um é o fogo que arde na cozinha ou no altar e o outro é o fogo do espírito, como Aelohim ou como Elohim. Elohim é pois o Demiurgo, o Exército da Voz, a Grande Palavra. Cada um dos Construtores do Universo é uma chama viva, fogo vivo.

Está escrito que Deus é um fogo devorador. O Fogo é o Cristo, o Cristo Cósmico! Elohim em si mesmo brotou de Aelohim. Elohim por si mesmo se desdobra, se duplica para iniciar a manifestação cósmica, se transforma em dois, em sua esposa, na Mãe Divina. Quando o uno se desdobra em dois, surge o três que é o Fogo.

As criaturas do fogo tornam o caos fecundo para que dele surja a vida. Sempre que o uno se desdobra em dois, o terceiro, o fogo, aparece. O fogo torna fecundas as águas da existência e então o caos se transforma no Andrógino Divino.

Assim, convém entender que o Exército da Palavra é fogo e que esse fogo vivente, esse fogo vivo e filosofal, que torna fecunda a matéria caótica, é o Cristo Cósmico, o Logos, a Grande Palavra. Mas, para que o Logos apareça, para que venha a manifes-tação, o uno deve se desdobrar no dois, isto é, o Pai se desdobra na Mãe e da união dos dois opostos nasce o terceiro, o Fogo. Esse fogo é o Cristo, o Logos, que torna possível a existência do universo na aurora de qualquer criação.

Convém que entendamos melhor o que é o Cristo! Que não nos contentemos em recordar a questão meramente histórica porque o Cristo é uma realidade de instante em instante, de momento em momento, de segundo em segundo. Ele é o Criador! O fogo tem o poder de criar os átomos e de desintegrá-los, o poder de dirigir as forças cósmicas universais etc. O fogo tem poder para unir todos os átomos e criar univer-sos, assim como tem o poder para desintegrar univer-sos: O mundo é uma bola de fogo que se acende e se apaga segundo Leis.

Assim que o Cristo é o fogo. Por isso, se vê sobre a cruz as quatro letras: INRI, as quais significam: IGNIS NATURA RENOVATUR INTEGRAM, e que equivalem à frase: O fogo renova incessantemente a natureza.

Agora, creio que estão entendendo porque a nós interessa a assinatura astral do fogo, a chama da chama, o oculto, o aspecto esotérico do fogo. É que na realidade o fogo é crístico. Ele tem poder para transformar tudo o que é, tudo o que foi e tudo o que será. INRI é o que nos interessa. Sem INRI não é possível que nós nos cristifiquemos.

Já foi dito que o Cristo Íntimo, o Cristo Cósmico, tem de dar três passos, de cima para baixo e através das sete regiões do Universo. Também disse que o Cristo deve dar três passos de baixo para cima. Eis aqui o mistério dos três passos e dos sete passos da Maçonaria. É uma lástima que os irmãos maçons tenham esquecido isto. Em todo caso, o Crestos, o Logos, resplandece no zênite da meia-noite espiritual.

Tanto no ocaso como no oriente, cada uma destas três posições é respeitada nas sete regiões. O místico que se guia pela estrela da meia-noite, pelo Sol Espiritual, sabe o que significam esses três passos dentro das sete regiões. Pensamos também no sol, no raio e no fogo. Eis aqui as três luminárias, os três aspectos do Logos, nas sete regiões.

Quando o uno se desdobra no dois, surge o terceiro e este é o fogo que cria e volta novamente a criar. Esse terceiro pode criar com o poder da palavra, com a palavra solar ou palavra mágica, com a palavra do Sol Central. Assim cria o Logos.

É por meio do fogo que podemos nos cristíficar. Inutilmente terá nascido o Cristo em Belém se não nascer em nosso coração também. Inutilmente terá sido crucificado, morto e ressuscitado na Terra Santa se não nascer, morrer e ressuscitar também em nos.

Precisamos encarnar o Crestos Cósmico, o espírito do fogo, torná-lo carne em nós. Enquanto não o tivermos feito, estaremos mortos para as coisas do espírito porque Ele é a vida, o Logos, a Grande Palavra… Heru Pa-kroat.

Ele é Vishnu. A palavra Vishnu vem da raiz vish que significa penetrar. Ele penetra em tudo o que é, foi e será. É preciso que penetre em nós para que nos transforme radicalmente. Somente através do fogo conseguiremos aniquilar o Ego. Quem pretender aniquilar o Ego unicamente com o intelecto seguirá pelo caminho do erro.

Obviamente, precisamos nos autoconhecer, se é que queremos nos cristificar e se queremos nos autoconhecer para conseguir a cristificação, preci-samos nos autoobservar, ver a nós mesmos. Somente por este caminho será possível se chegar um dia à desintegração do Ego.

O Ego é a soma total de todos os nossos defeitos: ira, cobiça, luxúria, preguiça, orgulho, inveja, gula etc. Ainda que tivéssemos mil línguas para falar e paladar de aço, não conseguiríamos a enumeração de todos os nossos defeitos cabalmente.

Dizia que precisamos nos auto-observar para nos autoconhecer porque se observarmos a nós mesmos descobriremos nossos defeitos psicológicos e assim poderemos trabalhar sobre eles. Quando alguém admite que tem uma psicologia, começa a se observar e isso o converte de fato numa criatura diferente.

Quero que entendam, meus queridos irmãos gnósticos, a necessidade de se aprender a observar a si mesmo, a ver a si próprio. Mas, há que se saber observar porque uma coisa é a observação mecânica e outra a observação consciente.

Aquele que conhece pela primeira vez os nossos ensinamentos poderá dizer: Mas que ganho com me observar? Isso é aborrecedor! Já vi que tenho ira e já percebi que sinto ciúmes… e daí? Claro que esta é a observação mecânica. Precisamos observar o observado. Repito: precisamos observar o observado. Isso já é observação consciente de nós mesmos.

A observação mecânica de si mesmo não nos conduzirá jamais a nada. Ela é absurda, inconsciente e estéril. Precisamos de auto-observação consciente de nós mesmos. Somente assim poderemos verdadeira-mente nos autoconhecer para trabalhar sobre nossos defeitos.

Sentimos ira em um dado instante. Vamos então observar o observado – a cena da ira. Não im-porta que o façamos mais tarde, porém tratemos de fazê-lo. Ao observar o observado, saberemos realmente se o que vimos em nós foi ira ou não, já que pode ter-se provocado alguma síncope nervosa que tomamos como ira.

De repente, fomos invadidos pelos ciúmes. Pois, vamos observar o observado. O que foi que observamos? Talvez que a mulher estava com outro tipo. E se for mulher? Talvez tenha visto seu marido com outra mulher e sentiu ciúmes. Em todo caso, serenamente e em profunda meditação, observaremos o observado para saber se realmente existiram ou não os ciúmes.

Ao observar o observado, o faremos através da meditação e da autorreflexão evidente do Ser. Assim, a observação torna-se consciente. Quando alguém torna-se consciente de tal ou qual defeito de tipo psicológico pode trabalhá-lo com o fogo.

Faz-se necessária a concentração em Réia, Cibeles, Maria, Stella-Maris, Tonantzin etc. Ela é uma parte de nosso Ser, porém derivada. Ela é a serpente ígnea de nossos mágicos poderes, a cobra sagrada, o fogo ardente. Com seus poderes flamígeros, ela pode desintegrar o defeito psicológico, o agregado psíquico que tenhamos auto-observado conscientemente. É óbvio que por sua vez a essência, fogo engarrafado no agregado psíquico em desintegração, resplandecerá, será liberado. À medida que formos desintegrando os agregados, os percentuais de essência – fogo crístico – se multiplicarão. Um dia o fogo resplandecerá dentro de nós mesmos aqui e agora. É necessário que o fogo arda em nós. Só INRI, o nome sagrado posto sobre a cruz do Mártir do Calvário, pode aniquilar os agregados psíquicos.

Aqueles que pretendem desintegrar todos esses agregados sem ter em conta o fogo seguem pelo caminho equivocado e não somente andam mal como também extraviam os demais. Diz-se que o Crestos nasceu na aldeia de Belém há cerca de 2 mil anos. Isto é falso porque a aldeia de Belém não existia naquela época. Belém tem raiz caldéia: BEL e Bel é o fogo; a Torre de Fogo dos caldeus.

Em nosso corpo, a torre é a cabeça e o pescoço porque o resto do corpo é o templo. Quem conseguiu elevar o fogo sobre si mesmo, quem o pôde levantar até a cabeça, até o cérebro, até o topo, de fato converteu-se no corpo do Crestos – o fogo – o espírito do fogo.

Somente o espírito original, o primogênito, poderá nos cristificar totalmente. É o fogo, fohat, ardendo dentro de nós mesmos que nos transformará totalmente. Uma vez que o fogo esteja ardendo dentro de nós, seremos mudados totalmente, seremos conver-tidos em criaturas diferentes, seremos convertidos em seres distintos, e gozaremos de plena iluminação e dos poderes cósmicos. Assim que, entendido isto, meus queridos irmãos, devemos trabalhar com o fogo.

Ao que sabe, a palavra dá poder. Ninguém a pronunciou e ninguém a pronunciará a não ser aquele que O encarnou. O Cristo – o espírito do fogo – não é um personagem meramente histórico. Ele é o Exército da Palavra, uma força que está além da personalidade, do Ego e da individualidade. Ele é uma força como a eletricidade, como o magnetismo, um poder, um grande agente cósmico e universal, a força elétrica que pode dar origem a novas manifestações. Esse fogo cósmico entra no homem que está devidamente preparado, no homem que tenha na Torre essa Belém ardendo.

Quando o Cristo encarna num homem, este se transforma radicalmente. Ele é o Menino Deus que deve nascer em cada criatura. Assim como Ele nasceu no universo há milhões de anos para organizar totalmente este sistema solar, assim também deve nascer em cada um de nós. Ele nasce no Estábulo de Belém, isto é, entre os animais do desejo, entre os agregados psíquicos que precisa aniquilar, uma vez que só o fogo consegue aniquilar tais agregados. Assim, o fogo aparece onde esses agregados estão para destruí-los, para torná-los poeira cósmica e libertar a alma, a Essência. Como poderia ele libertar a alma, se não penetrasse profundamente no organismo humano?

No Oriente, Cristo é Vishnu e repito: a raiz vish significa penetrar. O fogo, o Cristo, o Logos, pode penetrar nas profundezas do organismo humano para queimar as escórias que tem dentro. No entanto, precisamos amar o fogo e render culto à chama.

Chegou a hora de entender que só o fohat pode nos transformar radicalmente. Cristo dentro de nós opera aniquilando as raízes do mal. INRI queimando os agregados psíquicos é formidável: os reduz a cinzas. Porém, precisamos trabalhar com o fogo.

Por isso, em nossos trabalhos de concentração, devemos invocar a Serpente Ígnea de nossos mágicos poderes porque só com o fogo conseguimos aniquilar todos os elementos psíquicos indesejáveis que carregamos em nosso interior. O frio lunar nunca conseguirá quebrantar os agregados psíquicos. Neces-sitamos dos poderes flamígeros do Logos, necessitamos do INRI para nos transformar.

Meus caros irmãos, entendam todos o que é a Semana Santa. A Semana Santa tem sete dias. Nos tempos antigos, tudo era regido pelo calendário solar: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.

Os dias eram:

Dia da Lua (domingo)

Dia de Mercúrio (Segunda-feira)

Dia de Vênus (terça)

Dia do Sol (quarta)

Dia de Marte (quinta)

Dia de Júpiter (sexta)

Dia de Saturno (sábado)

Infelizmente, este calendário foi alterado por tipos fanáticos na Idade Média. A Semana Santa é profundamente significativa. Recordem os sete e os três passos da Maçonaria.

O Cristo deve arder em primeiro lugar no nosso corpo humano. Mais tarde, a chama deve se depositar no fundo da alma e por último, no fundo do espírito. Esses três passos através das sete esferas são pro-fundamente significativos. Obviamente, esses três passos básicos e fundamentais acham-se contidos nas sete esferas do mundo e do universo.

Inquestionavelmente, a Semana Santa tem raízes esotéricas bem profundas porque o Iniciado deve trabalhar sobre as forças lunares, sobre as forças de Mercúrio, com as forças de Vênus, do Sol, de Marte, de Júpiter e de Saturno. O Logos desenvol-ve-se em sete regiões e de acordo com os sete planetas do Sistema Solar.

A chama deve aparecer no corpo físico, deve avançar pelo corpo vital, prosseguir seu caminho pela senda astral, continuar sua viagem pelo mundo da mente, deve chegar até a esfera do mundo causal, continuar ou prosseguir sua viagem pelo mundo búdico ou intuicional e por último, no sétimo dia, terá chegado ao mundo de Atman, o mundo do espírito. Então, o Mestre receberá o Batismo de Fogo que o transfor-mará radicalmente.

Obviamente, todo o Drama Cósmico, tal como está escrito nos quatro evangelhos, deverá ser vivido dentro de nós mesmos aqui e agora. Isso não é algo meramente histórico, é algo para se viver aqui e agora.

Os três traidores que crucificam o Cristo e que o levam à morte estão dentro de nós mesmos. Os maçons os conhecem e os gnósticos também os conhecem: Judas, Pilatos e Caifás. Judas é o demônio do desejo que nos atormenta. Pilatos é o demônio da mente que para tudo tem desculpa. Caifás é o demônio da má vontade que prostitui o altar.

Esses são os três traidores que vendem o Cristo por 30 moedas de prata. As trinta moedas representam todos os vícios e paixões da humanidade. Trocam o Cristo pelas garrafas nos bares, trocam o Cristo pelo prostíbulo ou pelo leito de Procusto, trocam o Cristo pelo dinheiro, pelas riquezas, pela vida sensual… vendem-no por 30 moedas de prata.

Irmãos, lembrem-se que foram as multidões que pediram a crucificação do Senhor. Todas essas multidões gritam: Crucifica! Crucifica! Não são só as de 2 mil anos atrás, não! Essa gente que pede a crucificação do Senhor está dentro de nós mesmos, e repito: aqui e agora! São os agregados psíquicos desumanos que carregamos em nosso interior, são todos esses elementos psíquicos indesejáveis que levamos dentro, os demônios vermelhos de Seth, viva personificação de todos os nossos defeitos de tipo psicológico. São eles os que gritam: Crucifica! Crucifica! E o Senhor é entregue à morte. Quem o açoita? Não são por acaso todas essas multidões que levamos em nosso interior? Quem cospe nele? Não são todos esses agregados psíquicos que personificam nossos defeitos? Quem coloca nele a coroa de espinhos? Não são por acaso todas essas criações do inferno que nós mesmos geramos?

O acontecimento da história crística não é de ontem, é de agora, do presente. Não pertence meramente a um passado, como julgam os ignorantes ilustrados. Porém, aqueles que compreenderem, trabalharão para a cristificação.

O Senhor é erguido no Calvário e sobre os cumes majestosos do Calvário dirá: Aquele que crê em mim nunca andará nas trevas, mas terá a luz da vida. Eu sou o pão da vida. Eu sou o pão vivo, e o que come de minha carne e bebe de meu sangue terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. O que come da minha carne e bebe do meu sangue, em mim mora e eu nele. O Senhor não guarda rancor de nenhuma pessoa.

Meu Pai, em tuas mãos encomendo meu espí-rito! Pronunciada esta grande palavra, não se escu-tará senão raios e trovões em meio a grandes cataclismos interiores. Cumprido este trabalho do espírito no corpo, o Cristo, Krestos, Christus ou Vishnu, o que penetra, será depositado em seu místico sepulcro.

Eu lhes digo em nome da verdade e da justiça que depois disso, no terceiro dia, após o terceiro ato, será levantado, ressuscitado no Iniciado, para transformá-lo numa criatura perfeita. Quem o conseguir se converterá de fato em um deus terrivelmente divino, além do bem e do mal.

Assim, o Cristo, Nosso Senhor, o Espírito do Fogo, desce. Ele quer entrar em cada um para transformá-lo, para salvá-lo, para aniquilar seus agregados psíquicos que carrega em seu interior, para fazer dele algo diferente, para convertê-lo em deus.

Temos de aprender a ver o Cristo não do ponto de vista meramente histórico, mas como o fogo, como uma realidade presente, como INRI.

Diz-se que Ele tinha 12 Apóstolos, pois esses 12 Apostolos estão dentro de nós mesmos aqui e agora. São as 12 partes fundamentais de nosso próprio Ser, as do12 Potestades dentro de cada um de nós, em nosso próprio Ser interior profundo.

Há um Pedro que entende profundamente dos Mistérios do sexo.

Há um João que representa o Verbo, a Grande Palavra. Heru Pa-Kroat.

Há também umTomé que nos ensina a dirigir a mente.

Há um Paulo que nos mostra o caminho da sabedoria, da filosofia, da gnose.

Dentro de nós está também Judas. Não aquele Judas que entrega o Cristo por 30 moedas de prata e sim um Judas diferente. Um Judas que entende a fundo a questão do Ego. Um Judas cujo evangelho irá nos levar à dissolução do mim mesmo, do si mesmo.

Há um Felipe que é capaz de nos ensinar a viajar fora do corpo físico através do espaço.

Há um André que nos indica com precisão meridiana o que são os três Fatores de Revolução da Consciência: Nascer ou como se fabricam os corpos existenciais superiores do Ser. Morrer ou como se desintegram os fatores particulares que se relacionam conosco especificamente e em cada um de nós. Sacrifício pela humanidade: a cruz de Santo André. Indica a mescla de enxofre e mercúrio tão indispensável para a criação dos corpos existenciais superiores do Ser mediante o cumprimento do DEVER PARLOK. Isto é pro-fundamente significativo.

Mateus, científico qual ninguém, existe em nós e ensina-nos a Ciência Pura, desconhecida pelos cientistas que só conhecem essa podridão de teorias universitárias que hoje estão em moda e amanhã passam a fazer parte da história… Ciência pura é comple-tamente diferente! Somente Mateus pode nos instruir nela.

Lucas, com seu evangelho solar, é profeta. Ele nos indica como haverá de ser a vida na Idade de Ouro.

Cada um dos 12 está dentro de nós mesmos porque Nosso Senhor tem 12 partes fundamentais, os 12 Apóstolos, aqui e agora.

Assim, aqueles que quiserem chegar a ser magos no sentido transcendental da palavra terão de aprender a se relacionar consigo mesmo, com cada uma das 12 partes do Ser. Isto só será possível queimando com INRI os agregados psicológicos que carregamos em nosso interior. Enquanto o Eqo existir em nós, o correto relacionamento com todas e cada uma das partes de nosso Ser será impossível.

Porém, se nós incinerarmos o Ego, então poderemos estabelecer corretas relações com nós mes-mos e com cada um dos 12 que existem em nós. Assim que tirem da cabeça a idéia dos 12 Apóstolos históricos… Busquem-nos dentro de si… Lá estão eles, todos eles dentro de cada um, aqui e agora.

Chegou a hora de um cristianismo mais esotérico, mais puro, mais real. Chegou a hora de sair da questão meramente histórica e passar para a realidade dos fatos.

A própria cruz do Calvário é profundamente significativa. Bem sabemos que o phalus vertical dentro do cteis formal formam uma cruz. Em outras palavras, enfatizaremos: o lingam-yoni corretamente unido forma cruz. É com essa cruz que temos de avançar pelo sendeiro que irá nos conduzir até o Gólgota do Pai. Convido a todos para entrarem no caminho da cristificação.

Não se esqueçam que cada vez que o Senhor de Compaixão vem ao mundo é odiado por três tipos de homens: Primeiro, pelos Anciães. São as pessoas cheias de experiência que dizem: Esse homem está louco. Vejam o que traz. Não escutem o que está a dizer porque não está de acordo com o que pensamos. Nós temos experiência. Esse homem prejudica e causa danos. O segundo tipo são os fariseus, os intelectuais. Ele é rechaçado pelos intelectuais da época. Cada vez que o Senhor de Glória veio ao mundo, os intelectuais estiveram contra ele. Odeiam-no mortal-mente porque não se encaixa dentro de suas teorias. Ele representa um perigo para o sistema deles, para seus sofismas etc. O terceiro tipo é constituído pelos sacerdotes. Todos eles O vêem como um perigo para a sua respectiva seita.

Assim que, em nome da verdade, digo-lhes que o Cristo é tremendamente revolucionário, rebelde. Ele é o fogo que vem para queimar todas as podridões que carregamos dentro. Ele é o fogo que vem para reduzir a cinzas os nossos preconceitos, os nossos interesses, as nossas abominações e até as nossas experiências de tipo pessoal.

Pensam por acaso que o Cristo poderia ser aceito por todos esses milhões de seres humanos que povoam o mundo? Equivocam-se! Cada vez que Ele vem ao mundo, as multidões levantam-se contra Ele. Esta é a crua realidade dos fatos!

De Semana Santa estou falando e digo em nome da verdade e da justiça que somente o fohat, ardendo dentro de nós, poderá nos salvar.

Nenhuma teoria, nenhum sistema, poderá nos levar à libertação. Aqueles que pretendem aniquilar o Ego à base de puras teorias, como frio intelecto, são seres meramente reacionários, conservadores e retardatários que marcham pelo caminho do grande equívoco.

Esta Babilônia que levamos dentro, esta cidade psicológica que carregamos em nosso interior, onde vivem os demônios da ira, da cobiça, da luxúria, da inveja, do orgulho, da preguiça, da gula etc., deve ser destruída com o fogo. Necessitamos levantar agora dentro de nós mesmos a Jerusalém Celestial. Recordem que os cimentos da Jerusalém Celestial são 12 e que em cada um deles está escrito o nome de algum Apóstolo. Os nomes dos 12 apóstolos estão nos 12 cimentos. Essa Jerusalém deve ser edificada dentro de nós mesmos.

Mas, isso somente será possível algum dia se com o fogo destruirmos a Grande Babilônia, a mãe de todas as fornicações e abominações da terra, a cidade psi-cológica que todos nós carregamos em nosso interior. Quando o conseguirmos, edificaremos a Jerusalém Celestial aqui e agora em nós mesmos.

Repito, a base dessa Jerusalém Celestial são os 12 Apóstolos: Não estou me referindo aos que viveram há 2 mil anos, os quais são meramente simbólicos. Estou falando dos 12 Apóstolos que existem dentro de nós mesmos, as 12 partes do Ser autoconscientes e independentes. Eles são o fundamento da Jerusalém que devemos edificar em nós mesmos.

A cidade de Jerusalém tem 12 portas e em cada uma das 12 portas há um anjo que representa cada um dos 12 dentro de nós mesmos. E as 12 portas são 12 pérolas preciosas, 12 portas de liberdade, 12 portas de luz e de esplendor, 12 poderes cósmicos… A cidade toda é de ouro puro… suas ruas, avenidas e praças. O ouro do espírito que devemos fabricar na Forja dos Cíclopes. A cidade não tem necessidade de iluminação externa, de sol externo ou de lua externa, porque o Senhor é sua luz. Ele é o fogo e arderá dentro de nos mesmos. O muro da grande cidade tem 144 codos. Se somamos estes números entre si temos: 1 + 4 + 4 = 9. Nove e a Nona Esfera, o sexo. Somente através da transmutação da energia criadora poderemos fazer o fogo arder em nós. O tamanho da cidade é de 12 mil estádios. Isto nos lembra os 12 trabalhos de Hércules necessários para se conseguir a completa Auto-Realização Íntima do Ser. Lembra-nos também os 12 anciões e os 12 Apóstolos.

No centro da cidade está a Árvore da Vida, os dez sefirotes da cabala hebraica: Kether, Chokmah e Binah são a Coroa Sefirótica. Chesed, Geburah, Tiphereth, Netzach, Hod, Jesod e Malchut são as sete regiões do Universo. A Árvore da Vida alegoriza as 12 grandes Regiões Cósmicas. Ditoso daquele que chega ao Eon-13, onde a Pistis Sophia deve permanecer sempre.

Dentro da Jerusalém Celestial encontramos também os 24 anciões que, prosternados no chão, depositam suas coroas aos pés do Cordeiro. Esse Cordeiro Imolado é o fogo que arde neste universo desde a aurora da criação, desde o amanhecer deste universo. Os 24 anciões são também vinte e quatro partes de nosso próprio Ser e o Cordeiro é o Ser de nosso Ser.

Ditoso daquele que possa se alimentar com os frutos da Árvore da Vida porque será imortal! Ditoso daquele que possa se alimentar com cada um desses frutos! Aquele que consegue de verdade se nutrir com essa corrente de vida, que vem do eon-13 até o corpo humano, jamais conhecerá enfermidades e se tornará imortal.

Porém, para alguém poder se nutrir com a Árvore da Vida, precisará antes de tudo eliminar os agregados psíquicos. Lembrem-se que os agregados psíquicos, viva personificação de nossos erros, al-teram o corpo vital e este, alterado, danifica o corpo físico. Assim, surgem as enfermidades em nós.

O que é que produz as úlceras? Por acaso, não é a ira?

O que é que produz o câncer? Por acaso, não é a luxúria?

O que é que produz a paralisia? Por acaso, não é a vida materialista, grosseira, egoísta e fatal?

As enfermidades são causadas pelos agregados psíquicos ou demônios vermelhos de Seth, vivas personificações de nossos erros.

Quando todos os demônios vermelhos de Seth tenham sido aniquilados com o fogo, quando até a nossa própria personalidade tenha sido queimada, então seremos nutridos pela Árvore da Vida. A vida descendo desde o Absoluto através dos 13 eons entrará em nosso corpo e nos tornará imortais. A saúde será recobrada e jamais se voltará a ter enfermidades.

Para nada servem os cientistas com as suas ciências de cura. Se eles curam o paciente, este volta a adoecer. É claro que o Ego mete o veneno de suas morbosidades e podridões dentro dos órgãos e os destrói. Eis aqui a origem de todas as enfermidades. As pessoas querem uma panacéia para se curar, porém enquanto tiverem o Ego vivo, serão enfermas.

Chegou a hora de entender que precisamos queimar a Babilônia dentro de nós mesmos e edificar a Jerusalém. E a Jerusalém Celestial vista de longe é como uma pedra de jaspe transparente como o cristal. Ela é a Pedra Filosofal. Ditoso aquele que consegue a Pedra Filosofal porque se transformará radicalmente e terá poderes sobre o fogo, sobre o ar, sobre as águas e sobre a terra!

Necessitamos de um cristianismo esotérico, puro. Um cristianismo vivo e não um cristianismo morto. Um cristianismo gnóstico que possa nos transformar radicalmente.

As Instituições Gnósticas, a Igreja Gnóstica e nossos estudantes gnóstico-antropológicos mostrarão à humanidade a Senda da Libertação. Mas, assim como estamos, com um Ego vivo, forte e robusto, marchamos pelo caminho do erro. Precisamos aprender a amar o fogo e a trabalhar na realidade com OS MISTÉRIOS DO FOGO!